domingo, 27 de junho de 2010

SIEsp - MONTANHA - Dia Quatro

Dia 04

04:50H – Todos acordados e rapidamente em forma. O dia estava mais frio do que os demais e havia uma névoa que cobria todo o lugar. Parecia meio úmido o dia, mas como ainda estava escuro, não era possível perceber se havia núvens escuras no céu.

05:45H – Em forma na área de cerimonial no Abrigo Rebouças para o hasteamento do Pavilhão Nacional e esperando o café-da-manhã que foi bastante caprichado, como nos demais dias, mas com o ar um pouco mais úmido.

06:40H – O instrutor-chefe avisou que nesse dia haveria a escalada das Prateleiras e do Pico das Agulhas Negras, lembrando que a segurança era fator fundamental obrigação de todos zelar para que nenhum acidente ocorresse.

06:55H – Início do descolamento para o Pico das Agulhas Negras, passando por locais belíssimos com vegetação nativa em tom dourado,  atravessando uma ponte de madeira sobre um pequeno lago onde havia uns sapos que só nessa região existem. É interessante saber que em todo o local há balizamento com placas para visitação de civis.

Militares escalando as Agulhas Negras

07:35H – Ordem dada pelo instrutor para que todos fizessem os nós de segurança (assento americano e atadura de peito) da melhor maneira possível, pois aquilo seria fator determinante a escalada, já que estaríamos presos à pedra por esses nós e mosquetões.

Dado o tempo, ocorreu a inspeção de todos os militares e, aqueles que ainda não estavam no padrão, tiverem de refazer os nós para o início da escalada.

Cade pelopes ficou sob o comando de um instrutor que guiava os cadetes à subida, mostrando os perigos e incentivando-os, de modo que todos deveriam superar as dificuldades. Na pedra, é perceptível a utilização das técnicas treinadas nas rotas: oposição de esforços, canaleta, rappel, leppar e todas as variações. O coturno de montanha é muito interessante, pois a sua sola de pneu de avião gruda na pedra e facilita muito, poupando esforços.

Ao terminar a escalada, o pelopes tirou uma foto e ficamos um tempo recebendo instruções sobre os  locais próximos. É possível observar a divisa dos três estados, represa de Furnas e algumas pequenas cidades, além de perceber que o pico fica acima das montanhas e dar a sensação de estar acima delas.







13:05H – Já no Abrigo Rebouças, mais uma vez esperando a ração R1 de almoço. Instruções rápidas e pelopes separados para a outra escalada: Prateleiras.

13:50H – Deslocamento para Prateleiras, também passando por vários locais belíssimos e que valem uma nova visitação.

14:45H – Mesmos procedimentos adotados na subida ao Pico. É bastante legal observar que, quando na sombra, o frio é bastante forte, mas, saindo da sombra e partindo para o sol, o rosto queima muito e parece que está mais próximo do sol, pois o ar rarefeito filtra menos a radiação solar.

A escalada iniciou-se em ritmo mais forte para aproveitar um maior tempo nas Prateleiras. Uma das peculiaridades dessa escalada é a utilização da técnica da chaminé na “Chaminé do Motel” - onde tem muito gemido e pouco prazer – já que ela é muito estreita e bastante longa, além de, ao olhar para baixo, obserar a altura em que se encontra.

Passada a chaminé, o cume fica próximo. E, lá chegando, existe uma caixa de aço e dentro um livreto onde todos aqueles que obtem êxito tem o direito de nele escrever. Mais uma vez, contemplação do local.

Dois estagiários são escolhidos e tem o prazer de descer até a parte baixa das Prateleiras no rappel ,que é muito grande e, se não utilizar as técnicas corretamente, gira um pouco na corda. Para os outros, a desescalada é pela pedra, utilizandoos caminhos que lá existem. A maioria do meu pelopes preferiu a escalada às Prateleiras por ser mais bonita.

Na volta, ocorre a celebração chamada de “batismo” em que consiste em todos os militares do pelopes entrarem em um dos vários lagos que existem no sopé das elevações e, com água até o queixo, realizar a Oração da Montanha. Há um tempo para coseguir tirar o equipamento e entrar na água, aqueles que demoram vão com tudo (bizu, tire o coturno e o abrigo parka). Parece um choque ao cair na água, mas vale a pena pelo banho e a moral elevada.

18:00H – Jantar em ordem de chegada e os pelopes liberados para voltar à Base do Marcão.

Nós estagiários tivemos um tempo para trocarmos o fardamento e nos preparamos para um dos momentos mais tensos e decisivos do estágio: Prova de nós!!

Grande parte dos militares preferiu esse tempo para retirar as últimas dúvidas e treinar um pouco mais até todos serem colocados em forma e a prova ser realizada. Tempo bastante grande (se comparado ao tempo que tivemos livre em todo o estágio), mas necessário até pela preparação mental e para um tentar tranquilizar o outro.

Todos em forma, pelopes separados de forma aleatória em 3 grandes grupos. Os grupos ficariam separados (bastante distantes) para que não existisse qualquer contato entre os que já haviam realizado a prova e os que ainda a fariam. Isso é importante, pois é errado alguém ser privilegiado, pois os mesmos nós cairiam para todos, de modo mais justo possível.

Faltava pouco para a prova. Mãos trêmulas, olhar meio perdido, pernas inquietas e silêncio absoluto. Todos concentrados esperando entrar no local da prova, mas eis que surgem algumas gotas nos abrigos parka e, de repente, uma chuva violenta cai em nossas cabeças. A reação tinha de ser rápida e quase todos sacam seus ponchos para fugir da chuva. Aqueles que não foram rápidos o suficiente são puchados pelos amigos e, onde era para caber 1 militar, ficam até 4 “confortavelmente”.

Mandam-nos para um abrigo coberto e lá esperamos até nos chamarem. Gritam o número do pelopes e todos entram no local de prova e a chuva não dá trégua. Dentro do abrigo onde faríamos os nós há água para todos os lados e o chão encharcado. Ordenam que enfileiremos lado a lado e coloquemos todo equipamento no chão (2 cabos solteiros, 1 retinida e 2 mosquetões). Mãos na cabeça, atrás do local determinado. Leitura da ordem de instrução. Apito. Início.

Nó de porco, tantos segundos. Apito! Todos desesperados tentando fazer o nó. Apito longo! Nó  jogado no chão... Fotografia do nó: OK! Acochamento: OK! Alívio...
E assim seguiram nos tantos nós do dia. Alguns acertos, outros erros. Outros com fotografia correta, mas sem estar acochado. Nota final pronta. Um a um é chamadoe a o total de escores de cada estagiário é dito. Aqueles acima de 20 passaram, os outros só terão outra oportunidade quando estiverem na tropa.

As lágrimas de alguns descem pelo rosto, o sorriso, mesmo camuflado, aparece e a alegria contida é, muito pouco, exposta. Para alguns, a sensação de dever cumprido nos nós, para muitos, a decepção e para outros, a certeza de que a falta de treino traria resultados negativos.

23:40H –  De baixo de chuva e com frio, todos esperam a ceia e a liberação. Ceia pronta, liberação também.

Como nos outros dias, manutenção do corpo e material, mas onde dormir? Só existia água dentro do abrigo coberto, sacos V.O encharcados (por isso é bom impermeabilizado tudo dentro dele) e frio presente. A chuva não parava de cair e o vento zunia pelas laterais das barracas. Para se livrar da água do chão, dormi em cima do saco V.O com um outro casaco, poncho e saco de dormir tentando diminuir a sensação térmica congelante. Foi uma das piores noites: dormir no frio, na água e molhado.

Um comentário:

shynoda disse...

Cara vendo isso ai quem nunca serviu ou não passou por isso, acredite e a pior coisa que existe no mundo vc durmir no molhado no frio e o pior e molhar a zorra do coturno!
Parabens ai, não a mau que dure para sempre!