Muda alguma coisa no terceiro ano?

Essa pergunta é bastante comum e normalmente é feita por cadetes mais modernos. Posso assegurar que muitas coisas mudam.

No Básico e Avançado (1º e 2º ano) existem os cadetes mais modernos e, por consequência, as missões "boca-podre" (ruins) muitas vezes vão para eles, tais como fazer guardas e tirar serviços mais cansativos. Já no terceiro ano o serviço é menos cansativo e chato, mas a responsabilidade é muito maior.


No meu primeiro ano eu não via a luz no final do túnel. Vencia a cada dia e, se não fosse anotado, já considerava uma vitória. Cada dia você entra para gladiar contra os leões e sair vivo é o importante. Está certo que, em muitos casos, as dores e ferimentos ocorrem.

Já no Avançado eu achava que existia a tal luz do fim do túnel, mas ainda não conseguia enxergá-la. A escala de serviço era monstruosa, tendo dia que 25 pegam serviço, sendo o total da companhia de 130. O final de semana era certo de que voava, ainda mais com essa escala. O campo era difícil, mas menos entediante do que aqueles do primeiro ano, onde a rusticidade e outros atributos são tão cobrados.

Agora, no terceiro ano, eu vejo a luz um pouco longe, mas eu a vejo! O clima na arma muda completamente, você tem irmãos de arma que seguirão por toda a caminhada militar. Os interesses, na maioria das vezes, assemelham-se e o modo de agir torna-se mais parecido.

Platina do 3º Ano da AMAN

Lembro quando era do primeiro ano que eu observava os afins (cadetes do 3º ano) em seus quartos com camas individuais e armários grandes. Pensava se um dia estaria ali. É engraçado, mas todas as vezes que passo pelo Plantão (primeiro ano de serviço no passadiço) eu me vejo daquele jeito: cinto NA, prancheta na mão, canetas de três cores e modelos (retroprojetor, esferográfica) e muitas vezes suado por ter de cumprir as missões de acordar os mais antigos, apresentar-se ao oficial e etc...

No começo do ano peguei um serviço que é do quarto ano, mas na ausência deles vira obrigação nossa, e eu vi a luz brilhando na minha frente. Era, por assim dizer, um dos cadetes mais antigos da AMAN e tinha de fiscalizar diversas coisas. No primeiro ano eu só via os aspirantes (cadetes do 4º ano) fazerem e também pensava: -Será que um dia eu chegarei lá?

Outra coisas também mudam. A relação entre o oficial e o militar mais antigo é mais tranquila. Não digo isso por eles facilitarem a vida de alguém, mas com a experiência o cadete passa a se portar melhor e, assim, conseguir seus benefícios de formam mais fácil. Existe um jogo de cintura.

E vocês tem alguma dúvida se mudou?