domingo, 20 de junho de 2010

SIEsp - MONTANHA - Dia 01


Dia 01

02:00H – Frio toma conta da 5TON (“caminhão militar”). Mesmo todo agasalhado, sentia o frio na cara e em todo o corpo, queria aproveitar o tempo para dormir, mas não conseguia. Cadê a minha luva? Tentava achar e nada.



03:45H – Desembarcar! Desembarcar! Esses era os gritos que eu ouvia de dentro da, já quente, 5TON. Não sei como, mas consegui apagar lá dentro, encostado nos companheiros. Empurra-empurra e, um ajudando o outro, descíamos rapidamente.

Mais uma vez em forma e o subcomandante de pelopes controlava o efetivo, esperando a próxima ordem, que veio rapidamente: andar, andar e andar e, para isso, os pelopes foram divididos e começava mais uma prova para o tão sonhado brevê de Montanha: a marcha de 8km em terreno montanhoso no tempo de 2 horas.

Pra falar a verdade, pensava que era tranquila, mas tinha cada subidão que as pernas começavam a queimar. Anda, pára! Anda, dá uma corrida! Anda mais um pouco. A falta de ar e altitude começavam a fazer efeito: dor de cabeça e sede. Mas, tentando seguir o conselhos dos calouros (cadetes do 2º ano) de que era bom não ficar bebendo muita água, pois seria racionada para o dia todo e isso eram umas 04:30 da manhã.

Anda. Pára. Anda. Corre. Pára. Anda.

Acabou!! Cansado pra caramba - 8km com peso e subindo cansa muito!! - chegamos a um tal de "Brejo de alguma coisa", mas a felicidade logo acabou. Havíamos subido os 8km da prova (que valia pontuação) em 1:35h, mas ainda faltavam uns 5km a 8km à frente para chegarmos à Base do Marcão.

Anda. Pára. Corre. Corre. Corre. Anda.

Lembro que tinha a continuação da estrada em que estávamos andando, mas os instrutores pegaram uma trilha que era um ladeirão e subiram. Terminada essa “escalada”, vi uma casa de madeira bem ajeitada e consegui ver em uma pequena placa: “Posto do Marcão”.

05:20H – Gritaria de novo e pegamos o saco V.O que estava logo à frente do posto. Falaram que ainda tinha mais 3 km, mas, com esse peso todo seria difícil! Tudo mentira, era só pra mexer com o emocional do estagiário, já que encontramos, bem próximo ao posto, os abrigos e lá deixamos o saco V.O.

Todos deixam os sacos nas barracas próximas à Base do Marcão. A gritaria era geral, instrutores e monitores tentavam apressar os estagiários para que entrassemm em forma depois de guardar os sacos.

05:35H –  Todos os pelopes entram em forma e o deslocamento para a outra base se incia. Todo mundo se pergunta se serão mais 8 km ou se ainda andaremos muito, mas depois de uma hora descendo e subindo encontramos uma área com viaturas e acampamento montado. Novamente, a ordem é entrar em forma à frente de uma cota (morro) com bastante vegetação e no topo um mastro. O instrutor escala dois guerreiros e dá-se início ao hasteamento do Pavilhão Nacional.

Depois disso, o instrutor-chefe apresenta alguns outros intrutores e mostra as divisões que seriam feitas: o turno seria divido em três (Alpha, Bravo e Charlie) para começarem as instruções, sendo todas pistas escolas, o que não contava para o brevê, mas já valiam os F.O negativos (observações negativas) e positivos.

06:00H – Meu pelopes e metade de outro foram designados como grupamento Alpha, que consistia em rappel de frente e de costas, além de escalada com ascensor. O pior foi ter de se acostumar com a altura, já que, no treino, o mangrulho não era muito alto.

Vencendo o medo o melhor a fazer é confiar na técnica e seguir as ordens dos intrutores e monitores. Confiar na técnica é fundamental, visto que ela já foi desenvolvida por diversos anos e, por mais ridídula que possa parecer, funciona com muita segurança.

12:30H – O grupamento Alfha deveria seguir para a instrução que o grupo Charlie acabara. E lá fomos nós nos deslocar para o outro lado da instrução e aprendermos oposição de esforços, canaleta, fenda (vertical e horizontal) e rappel em S.

O pior dessa instrução, sem dúvidas, era a parte das fendas, já que a técnica machuca um pouco, pois deve-se colocar o braço em pequenas fendas da pedra a fim de que elas mantenham o corpo fixo na rocha. Com esfoço e vontade é possível vencer esses obstáculos. O grande bizu é perceber como os outros fazem e, plotando os erros, evitar cometê-los novamente, além de tirar as dúvidas com os instrutores e monitores (dê preferência para tirar dúvida com os militares do 11 de montanha, já que são bem calmos para ensinar e tem muita experiência.

A fome e a sede começavam a atacar. O cantil ainda estava cheio, já que confiei nos bizus dos calouros, e aos poucos ia matando a sede. A maioria dos estagiários já estava sem água, já que gastaram tudo durante a marcha e a primeira oficina. Já a fome, tinha de me contentar com o famoso farofão, mas só comia a rapadura, amendoim e as carnes, deixando a faroda de lado.

16:40H –  Enfim, o grupamento partiu para o esforço vertical (“escalada na pedra”) que achei a melhor instrução do dia. Por incrível que pareça, era mais tranqüilo escalar na pedra da montanha do que no mangrulho, já que a pedra era muito áspera e o coturno realmente grudava na pedra. O bizu não muda: perceba os erros dos outros e tente não cometê-los.

20:30H – Mais uma formatura no Abrigo Rebouças para determinar a ordem para voltarmos à Base do Marcão. Foi tudo decidido e repassado ao Estagiário 100, que rapidamente repassou aos comandantes de pelopes as ordem para começarmos a marcha.

Os instrutores escolheram dois estagiários que se destacaram no dia e esses fariam o arriamento do Pavilhão Nacional. Com certeza é uma das atividades mais bonitas, saber que, em qualquer lugar em que existam militares, a bandeira do país estará hasteada.

21:45 – Já escuro e muito frio, estávamos de volta à Base do Marcão e, aqueles que imaginaram que haveria  a tora, já ficaram desanimados. Todos os sacos V.O estavam para fora dos abrigos e já bem molhados pelo orvalho.

Os abrigos foram divididos de modo que, em cada barraca, entravam 2 pelopes para  recebermos as instruções de nós e amarrações. A instrução não foi muito proveitosa, pois com 60 pessoas em um local apertado mal dava para fazer os nós, só olhar mesmo.

23:50 – Ordem dada ao 100: recolocar, de forma ordenada, os sacos V.O e entrar em forma para os avisos da ceia. Os avisos dados foram que ninguém estaria autorizado a sair da área de abrigos e o serviço seria de dois estagiários para cada abrigo, além de outros no perímetreo da Base.

A hora de serviço foi rapidamente distribuída a todos e, já com os materiais dentro dos abrigos poderíamos fazer o que quiséssemos. A maioria decidiu recompletar a água dos cantis, fazer a barba e a manutenção dos pés e corpo.

Nenhum comentário: