domingo, 30 de maio de 2010

Operação Calouro - DIA 01

05:00H -  O primeiro dia começou como sempre: frio, dor no corpo e TFM com armamento pela manhã. Alongamento, aquecimento e uma corrida leve para esquentar o corpo e tirar um pouco a dor que fica quando os músculos esfriam.

Houve o café da manhã bem rápido e fomos divididos em pelotões de dois grupos, para o meu grupo a primeira oficina seria de comunicações e depois viria a tão indesejada Maneabilidade de Grupo de Combate.


Comunicações

Quase sempre a oficina de Comunicações é tranqüila, tirando quando é no Curso Básico, pois lá só tem que carregar peso e subir cota. Como já sabia disso, fiquei tranquilo, pois daria para recuperar os pés da marcha anterior, além de tomar um "reidrate" (soro cheio de sais) para dar uma melhorada na moral e prosseguir na missão.

07:00H -- Para iniciar a instrução, tínhamos que subir a cota Asa Norte de Morcego com todo nosso material e lá em cima faríamos a oficina. Chegando, foi bem tranquilo: instrução teórica sobre os equipamentos e codificação das mensagens. Uma das notícias boas, a velha (e pesada!!) ERC110 seria substituída pela ERC107.

Para definir em quais cotas os grupos ficariam foi feito uma "prova" e quem pedisse o material mais no padrão ficaria nas cotas menores e as piores respostas iriam montar a rede-rádio lá no Sabóia, famoso Sabóia... Ainda bem que o pessoal desembocou insano e ficamos no meio da Asa Sul de Morcego.

07:40H -- Chegamos, abrimos a rede-rádio e começamos a mandar as mensagens codificadas. No começo bateu o sanhaço, já que lembrava porra nenhuma de codificação, mas com um pouco de prática e ajuda consegui mandar umas mensagens para os outros da minha rede. 

Como era Com (ainda bem!!) aproveitei pra comer umas felpas (jujuba, halls e um amendoim), além de tomar o reidrate e "apreciar a beleza da Boa Esperança".

11:30H -- Terminada a instrução, descemos a Asa Sul e subimos a Asa Norte de novo.

Foi realizada a APA (Análise Pós Ação) e seguimos de volta à base para o almoço, tão esperado almoço. Para quem é de fora acha que as refeições são simplesmente mais uma refeição, mas elas, na verdade, demonstram o fim de uma oficina, o que será SEMPRE um alívio.

E lá vimos o Pelotão voltando da Maneabilidade de GC: todo mundo com cara de zumba! (zumba = zumbi, cansado, morto, varado). E o pior não é vê-los daquele jeito, mas saber que logo mais seria eu o felizardo por essa brincadeira... Sanhaço, combatente!!

12:00H -- Seguimos nós para a Maneabilidade...

Maneabilidade

12:20H -- E vamos indo para a oficina que era perto da Calda do Dinossauro (nome de mais uma cota). Chegamos à oficina, mas como nem tudo são flores, tivemos que voltar, pois estávamos "um lixo". Voltamos, saltitamos, quicamos, corremos, chegamos.

Foi ordenado sentar e os equipamentos da instrução foram pagos àqueles que pegaram determinadas funções:

AT4 para o E2 e E4 (Esclarecedor 2 e Esclarecedor 4);
FAP (Fuzil Automático Pesado) para os A (atiradores);
Granada de bocal para os E1 e E3 (Esclarecedor 1 e Esclarecedor 3).

Até que suspirei aliviado, não tinha pego o ATconcret e fiquei com o FAP que só pesa uns 9kg, já que o AT4 pesa lá pelos 14, brincando, brincando...
Maneabilidade de GC

A oficina é interessantíssima, pois mostra como um GC (1 Sargento, 2 Cabos 8 soldados) se movimentam no terreno e transpõem suas dobras e seus pontos críticos, além de assaltar posições inimigas. Ação tipicamente de arma base, o que é muito interessante. O grande problema é que suga muito, pois tem o peso todo no corpo e, ainda, tem que correr em algumas situações.

A oficina seguiu quase sempre em formação de esquadras sucessivas e tivemos de atacar duas posições de metralhadoras inimigas: correr em linha com peso contra o inimigo subindo uma cota até consolidar a posição. 

Terminado o segundo assalto, o tenente chamou todos os "soldados" e fez uma análise da ação, mostrando os pontos que ele achava que deveria melhorar.

Logicamente, todo mundo já estava aos caralho -- cansado -- e aliviado por ter terminado uma oficina PAAAUUU!! Foi ordenado o itinerário de volta e tivemos a ingrata felicidade de ter de subir a cabeça do dinossauro e voltar subindo cotas para, depois, descer tudo.

17:40H -- Fim da oficina!

Voltamos, novamente, à base e tivemos o jantar para prosseguirmos o campo. De noite viria a Infiltração, onde é lei todo mundo se perder no terreno e fazer a RETAP (Retificação de Aprendizagem) virando as noites.

Infiltração Noturna

18:20H -- O início da oficina foi bem interessante e diferente do que ocorre no campo. Os tenentes ficaram nos zuando, já que é normal pegar RETAP e colocaram a famosa música gospel "Segura na Mão de Deus e Vai" e deram as instruções às diversas equipes sobre o que ocorreria na pista, além de ler as normas de segurança.

A pista consistia em ter uma equipe de orientação (homens ponto, homens carta, homens bússola, homens passo e homens mula) para se infiltrarem no território por meio de um extrato da carta do terreno, sendo que só existia uma "trilha" da carta, sendo o resto em branco. Os pontos eram com azimute e distância.

O grande bizu foi confiar na técnica e seguir o extrato da carta. O frio apertava e acreditar nessa tal técnica vendo que teríamos de entrar até o peito num charco é meio esquisito, mas fazer o que?

A oficina era longa e andamos MUITO (coisa de 10km) subindo cota, descendo cota, molhando o pé, molhando o resto do corpo.

O grande problema foi quando chegamos ao ponto PREU5 que era no meio (meio mesmo) de um charco que ia até próximo da cintura. Fomos lá, metemos o corpo no frio e pegamos o ponto.

Andamos, andamos, andamos, andamos.

Chegamos! Sim, chegamos ao abrigo onde ficava o instrutor esperando as equipes. Só para lembrar: a pista começou às 19:15 e terminaos às 03:40. Brincadeira, né?

Entregamos os pontos e vimos a cara do instrutor. Será que pegaríamos RETAP?? 

Aí veio: 

-Seguraram na mão de Deus?
-Sim senhor!
-Mas não seguirem adiante! Voltem e peguem o ponto 2!

PQP!! Não acredito!! Será RETAP??

E fomos lá, perdidos mais uma vez no famoso campo de instrução da AMAN. Andamos, andamos e andamos. Chegamos ao tal ponto e, sim, ele existia. Estava lá, paradinho nos esperando.

04:40 Voltamos ao abrigo (depois de andar, andar e ... andar!) e entregamos o código. 

-Agora sim seguraram na mão de DEUS!!

Ainda bem, aliviado! RETAP é o caralh....!! Ficamos à espera da viatura para voltarmos à Boa Esperança e, depois de carangar muito (passar frio), voltamos à fazenda às 05:10.

Quem desemboca é liberado. Toda a equipe voltou para a área de alojamato e pode torar feliz da vida depois de fazer manuntenção dos pés, armamento e equipamento. Às 5:30 teríamos de estar ECD (em condições de) atuar.

Mais uma dia começaria. Terça está logo aí!

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