domingo, 2 de maio de 2010

Incrível como certos princípios não mudam

Estava hoje lendo alguns artigos pela internet quando me deparei com o acervo da revista VEJA. Está certo que não é uma das que eu mais gosto, pois é bastante politizada e tem certas atitudes que não concordo, como só mostrar o lado que consideram correto.


Mas acabei achando um artigo de 1970 que falava sobre a vida do militar naquele período e encontrei uma parte que falava sobre a nobre AMAN. Incrível como muita coisas não mudam e somos conservadores. Somos conservadores, pois isso é necessário, está intrínseco a nós e é um dos pilares de nossas crenças e qualidades.

Segue abaixo para leitura:

A PACIENTE FORMAÇÃO DO SOLDADO EDUCADO PARA SERVIR
"O dever primordial do chefe é o cumprimento da missão que lhe foi atribuída. Tudo o mais, mesmo o bem-estar dos seus homens, fica subordinado a isso." Na carreira militar, onde, com exceção dos praças, todos são chefes e todos são subordinados, esse princípio de chefia e mais dez outros enumerados pelo Manual de Campanha do Exército podem fornecer a chave para explicar a formação do militar, seu comportamento no poder nos últimos seis anos de governos revolucionários e a diferença entre os militares e a classe política tradicional na condução do poder político.
A diferença começa na base. Ladeando o porão monumental da Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, há dois portões menores que somente se abrem duas vezes por ano: pelo primeiro entram os novos alunos, com seus uniformes dos colégios militares e da Escola Preparatória de Campinas (SP) ou com roupas civis; e pelo outro saem, no fim de cada ano, os novos aspirantes a oficial do Exército. Para percorrer os 50 metros que separam os dois portões, o cadete gasta quatro anos - durante os quais ele será treinado fisicamente e educado intelectualmente nos princípios que inspiram o lema da AMAN, inscritos no pátio principal da Academia: "Cadetes: ides comandar; aprendei a obedecer".
SER MILITAR - É na Academia Militar, misto de universidade e de escola técnica, que o cadete do Exército planta as bases de toda a sua vida futura. "Ser militar", diz um folheto da Academia, "é estar imbuído da verdadeira necessidade do cumprimento da missão, por mais árdua que se lhe afigure e pouca influência traga para lhe exaltar os méritos". A carreira militar é apresentada ao cadete como uma atividade de sacrifício, de sobriedade pessoal e de patriotismo. "As ações do verdadeiro militar", continua o documento, "não objetivam obter vantagens ou vencer questões; não devem ser ditadas por oportunismo, nem podem ser poluídas pela descrença, traços de inferioridade incompatíveis com a nobreza de sua missão."
Durante seus quatro anos na AMAN, o cadete vai se familiarizar com um vocabulário onde as expressões "dever", "missão", "desinteresse" e "coesão" são freqüentes. As ciências matemáticas que ele aprende nos dois primeiros anos de Academia visam, segundo o seu comandante, General Meira Matos, a "desenvolver seu raciocínio rápido, porque um chefe precisa tomar decisões também rápidas e criteriosas". Um programa intenso de educação física, que inclui  ginástica diária e competições esportivas, prepara os cadetes para desempenhar missões perigosas e, ao mesmo tempo, desenvolve entre eles a solidariedade - que se chama, na linguagem militar, "espírito de corpo". "Quando o espírito de corpo é elevado", diz o Manual da Chefia, "as realizações coletivas obscurecem as individuais. Em tais circunstâncias, as insatisfações de alguns desaparecem diante do predomínio do espírito do conjunto.
A RAZÃO DA DISCIPLINA - Coesão, disciplina, respeito à hierarquia, desambição, preparo físico e intelectual: sobre pilares assenta-se a educação do oficial do Exército. A disciplina - viga mestra de toda organização militar - é defendida como uma necessidade vital para todos. "Para convencer o homem da necessidade da disciplina", ensina o Manual, "nada melhor do que apelar para a sua razão; nos poucos casos em que o apelo falha, a punição oportuna pode corrigir o recalcitrante e fazê-lo sentir essa necessidade."
A disciplina comanda toda a formação do oficial. Os cadetes cumprem rigorosamente os horários, as tarefas do treinamento técnico-profissional (estudo das armas e ações de guerra convencional e de guerrilhas) e os exercícios intelectuais. Seu ensino não é, porém, ascético: a Academia tem um amplo cinema, quatro campos de futebol, quadras de tênis e de basquete, pistas para a prática de hipismo e uma piscina que era a maior da América do Sul até que o Vasco da Gama construiu uma maior, no Rio. O esporte, em todo o caso, não é encarado apenas como uma diversão; ele é considerado também uma tarefa que deve ser cumprida.
AS RAZÕES DO CADETE - A vida relativamente dura de um cadete, comparada à de um jovem da mesma idade no meio civil, não desestimula os civis a procurarem a carreira militar? Até 1966, a AMAN sofria de perda crescente de entusiasmo por parte de candidatos à matrícula. A partir de 1967, com uma propaganda desenvolvida pela Academia e ajudada pela portaria que permite o ingresso sem concurso dos alunos classificados nos três primeiros lugares nos cursos colegiais, a situação se alterou. Hoje, com 1.379 cadetes (número recorde), a Academia pensa ter superado o problema e, segundo o General Meira Matos, poderá dispensar a portada no próximo ano. "Nós tivemos agora novecentos candidatos civis disputando sessenta vagas", explicou o general. O rigor da carreira militar e sua desvantagem financeira comparada com as atividades privadas não preocupam os cadetes. Eles procuram o Exército por outras razões. "O primeiro motivo de meu interesse pela carreira militar foi a evidência em que ficou o Exército nos últimos tempos. Em segundo lugar, a propaganda chamou a minha atenção para as vantagens do ensino da Academia, explica a VEJA o cadete Geraldo Soares Silvino, 22 anos, quartanista da Arma de Engenharia e há três anos colocado em primeiro lugar na AMAN.

FONTE: http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/capa_01041970.shtml 

Lógico que determinados assuntos foram modificados, como o número de cadetes, que hoje beira aos dois mil, e o cinema que não é mais um "cinema" e sim um auditório, visto que todos possuem seus próprios computadores e lá assistem aos filmes. Para vangloriar a "Acadimia" - como diriam os mais antigos - há o maior teatro da América Latina com cerca de 3500 lugares, além dos novos CPII e a enorme biblioteca com seu acervo histórico.

As outras tradições, vocês só conseguirão verificar aqui dentro.

Um comentário:

Sirr Doidão disse...

Se Deus quiser, ano que vem poderei desfrutar dessas respectivas qualidades exuberantes as quais são "oferecidas" pela AMAN aos jovens aptos para executa-las com categoria!
Hurrraaaa!
Fernando...
Grato!