sexta-feira, 18 de abril de 2008

Bivaque - II

Chegando ao 28º Bil, os pelotões deviam entrar em forma para, aos poucos, serem ambientados ao novo mundo. Mas, esse as poucos na vida militar não significam que será algo fácil e carinhoso. Ao contrário, é tudo feito na gritaria, correndo com a mochila e o famoso FAL.

A segunda companhia teve de retirar tudo da mochila de campo e colocar em uma lona (chamada de poncho) para mostrar se tudo estava nos devidos conformes e de acordo com as especificações passadas pelos comandantes de pelotões. Quando o tenente chegava, havia a necessidade de bradar o nome, número e o pelotão. Por exemplo: Aluno 10, Silva!! Covil!! e, prontamente, o cmdt (comandante) bradava o mesmo nome: -Covil!!

As dicas eram dadas a fim de ajudar todos os alunos para, no Exercício de Longa Duração (ELD), não haver problemas na feitura desses kits, pois eles valem nota no futuro, visto que são muito importantes para o combatente. Imagine ficar sem um remédio ou com o fuzil defeituoso no meio de uma guerra? A cobrança, portante, é necessária.

Logo após, os pelotões eram divididos em novos agrupamentos, para ocorrerem as instruções, sendo elas: tiro prático de FAL, montagem de abrigos. Aqueles que foram para a de abrigos viram imagens dos diversos tipos de abrigos, com o objetivo de mostrar aos instruendos qual seria a melhor para ser montada. Quase a totalidade das pessoas decidiram pela "duas águas" - dois ponchos unidos, um fio passando no meio e, um pouco, distante do solo (cerca de 20cm).

Como já é normal, a fabricação do abrigo seria em dupla, visando à união e camaradagem, e valeria como uma prova para a média de Instrução Militar. O tempo médio foi de uma hora e meia. Mas, o maior problema nem era colocar os ponchos corretamente, mas fazer a canaleta. Com pá, faca, e essas ferramentes é facílimo, mas no meio do mato só dispondo de pedaços de madeira e um solo duro pra caramba tudo fica mais difícil.

Já os outros que foram para o tiro tiveram uma rápida instrução para relembrar aquilo que já fora ensinado para relembrar. Os tiros foram: ajoelhado com apoio, ajoelhado sem apoio, em pé, em pé noturno.

A sensação de empunhar um FAL 7.62 e apertar, vagarosamente, o gatilho é muito bom. O "coice" (recuo) da arma no ombro e o cheiro de pólvora no ar valeram os anos de estudo para muitos. Está certo que na hora de ver o alvo batia aquele cagaço, pois quem errava muito e tirava Insuficiente pagava muito sentado 1-2, rolamentos na lama e todas essas "brincadeiras" que nós - e principalmente os intrutores - adoram.

Agora, pense nisso em uma chuva forte, com trovoadas e relâmpados a toda hora. Toda hora não é hipérbole ou outra dessa coisas de português, mas a pura verdade!! Aquela água na cara e o fuzil gelados animavam ainda mais os militares, que viviam correndo bradando canções dos PQDt, FE e esses cursos que são marcas no Brasil e no mundo.

Continua...

Um comentário:

victor disse...

Cara....Muito bom!

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