segunda-feira, 7 de junho de 2010

Operação Calouro - Dia 04


05:15H - Alvorada! TFM!

06:00H - Depois do café fomos deslocados pelo comandante da subunidade (que é um cadete) para a região onde teríamos duas oficinas: espaldões e explosivos.

Logo quando chegamos foi realizada uma demonstração da utilização errada dos explosivos e as sua conseqüências para quem os manuseassem daquela maneira. Em um primeiro momento foi colocada uma espoleta dentro de uma laranja, o que demonstrava quando esse explosivo é segurado com a mão fechada. Ao detonar esse dispoitivo, foi demonstrado que nada sobrou. Nem o pó da laranja... depois, foi colocada uma espoleta idêntica apenas encostando na fruta e o resultado foi que, depois da explosão, a laranja havia estourado, mas não desaparecido como no caso anterior.



Foram também faladas as característica do TNT no uso militar e seus benefícios, terminando com a “Chuva da Engenharia”, que foi uma detonação de 20kg de TNT na água. Coisa linda de se ver...

Após isso, os grupamentos foram divididos para as duas oficinas. Primeiramente eu fui para a oficina de espaldões.

Espaldões

08:30 - Após o grupamento apresentado ao instrutor foi dada a ordem para a construção dos diversos tipos de espaldões: abrigo para dois homens, abrigo para homem deitado, abrigo para MAG, espaldão em “L” e espaldão para morteiro.

Subimos a cota (mais uma!), que era o Dorso do Dinossauro, e o trabalho de sapa começou. É importante avisar que, diferente do Curso Básico, foram oferecidos materiais sobressalentes para a instrução, tais como enxadas, pás e picaretas, o que facilitou muito a realização do trabalho.

Durante todo o tempo deveríamos permanecer em situação, pois tropas inimigas realizavam patrulhamento na região e a qualquer momento poderiam nos atacar. Para isso, foi distribuído munição para os armamentos.

Cavei, cavei e cavei! Aproveitava o tempo em que estava como segurança para descansar, pois sabia que logo mais cavaria de novo. Cavei, cavei...

10:30H - De repente ouvimos alguns tiros e logo tomamos esporro, pois todo mundo tinha esquecido que estava em situação. Esporro passado, utilzamos os espaldões e revidamos os tiros do inimigo.

Voltamos a cavar e cavamos, cavamos e cavamos.

O apoio foi muito diferente do Curso Básico, pois os aspirantes (cadetes do 4º ano) aproveitavam para tirar as dúvidas, pagar macetes e conversar sobre a arma de Engenharia – que é a mais apta a realizar o trabalho de organização do terreno. Essa conversa com os mais antigos é importante, pois assim podemos tirar dúvidas e decidir para qual arma seguir no terceiro ano.

11:10H - Ouvimos fogo inimigo e revidamos mais uma vez.

O instrutor avisou e todos trocaram o espaldão para auxiliar os outros nos trabalhos. Cavei, cavei e cavei!

Mas conversando com outros cadetes, descobrimos que o grupo da tarde continuaria nos trabalhos de sapa. Conclusão: diminuímos o ritmo para que eles tivessem um pouco de trabalho, afinal, ninguém é de ferro. Tá certo que o instrutor e os monitores avisaram que, caso não terminássemos aquilo teríamos de voltar de noite para fazer direito, mas RETAP até de cavar?

12:00H - A fome veio chegando e logo era a hora da ração de almoço.

12:20H - Oficina terminada e deslocamos para a área de rancho, que era bem próxima.

O avançar ao rancho foi bem rápido e o comandante de subunidade deu alguns avisos e os grupamentos seguiram para a parte da tarde.

Explosivos

12:50H - Chegamos ao local e sentamos para que a instrução teórica começasse. Foram retiradas dúvidas e relembradas as ordens dadas anteriormente no Parque (local de instrução militar dentro da AMAN).

A questão que mais falavam era sobre a SEGURANÇA, pois os explosivos não são de festim. Se falhar é barro: morte!

Foi distribuído o material: petardo TNT 10g, espoleta e estopim. O material foi todo preparado e em grupos de 12 foram chamados para realizar a detonação.

No período em que ficávamos na “espera” os procedimentos de segurança foram revistos diversas vezes até algum safo peruar sobre a Engenharia, arma dos aspirantes que apoiavam a instrução. Excelente, ficaram falando por mais de 3 horas sobre a arma e retirando diversas interrogações que pairavam na mente de muitos calouros.

14:30 - A minha hora de detonar o petardo chegou. Levei o material até o local e o preparei de forma correta. Acendi o estopim, vi aquele cheiro de pólvora queimando, também conhecido como “cheiro da morte”, bradei “Fumaça” - brado para informar sobre a explosão – e saí do local esperando ouvir o barulho e o chão tremer.

Militar esperando a ordem para acionar

Bumm!!

EXCELENTE!! Mas como 10g fazem um estrago, hem?

Voltei ao local da oficina e continuei tirando as dúvidas sobre Engenharia.

17:50H - Terminada a instrução fomos deslocados para a área de arranchamento para depois voltamos a Boa Esperança.

18:40H - Chegando à Boa Esperança fomos dividos para tomar banho no PBANHO que nada mais era do que o famoso Rio Alambari.

Como o dia já estava meio nublado imagine de noite? Aquela água vindo diretamente das montanhas e conhecidas como “Águas Terapeuticas”. Sanhaço, ainda mais pra mim que sou arataca!!

Brasil, né? Banho revigorou a semana. Várias dores saíram do corpo e a sensação de corpo limpo é coisa de outro mundo. No campo é interessante como coisas simples tornam-se tão prazerosas.

20:30H - De noite era o serviço. O capitão comandante da companhia deu instrução diversa e a partir das 22H começaria o esperado serviço. Na ala ninguém gosta de realizar essa atividade, mas no campo todo mundo espera por isso. Motivo? Tem hora para dormir quando sai “da hora”.

21:45H - O oficial-de-dia avisou como seria o serviço até avisar que teríamos de ficar 4 horas direto acordados: 2 na hora e 2 na reação. E a tora? Acabou...

Segui zumbizando durante duas horas na hora e depois zumbizei ainda mais na reação. Ao menos consegui dormir por 2 horas, o que deu uma boa melhora na moral do combatente.

E mais um dia começaria...

Seria a sexta-feira. Será que o inimigo já morreu?

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